Doença
de Behçet com evolução para cegueira Introdução: A Doença de Behçet é uma vasculite sistêmica que envolve artérias e veias de qualquer calibre. Ambos os sexos são igualmente acometidos e a idade de início situa-se em torno de 25 - 35 anos. A sua causa e patogenia não são conhecidas, mas fenômenos imunológicos estão envolvidos, tendo sido demonstrada a presença de anticorpos contra células endoteliais e da mucosa oral. Parece haver ainda um componente genético. Embora não haja sintoma característico da doença de Behçet, certos sintomas ocorrem com freqüência suficiente para definir a síndrome, atuando como base para os critérios diagnósticos. Um conjunto de critérios de uso comum exige a presença de úlceras orais recidivantes e duas das seguintes manisfestações: úlceras genitais, uveíte, inflamação cutânea ou dos grandes vasos, artrite e meningoencefalite. Objetivo: Relatar caso grave de Doença de Behçet, com evolução, depois de surtos repetidos de uveíte para cegueira total. Relato de caso: Paciente M.M.L.F, sexo feminino, 52 anos, acompanhada no ambulatório de Reumatologia e Oftalmologia com diagnóstico de Behçet há 22 anos. Iniciou quadro com lesões aftosas orais de repetição e episódio de meningoencefalite asséptica; evoluiu com uveíte anterior e posterior, inicialmente à direita e após bilateral com remissão parcial utilizando altas doses de prednisona, colírios midriáticos e de corticóide. Concomitante ao quadro apresentou vários episódios de trombofleblite superficial em membros inferiores, eritema nodoso e úlceras genitais. Associado ao esquema terapêutico ciclosporina oral com melhora do quadro sistêmico, mas evoluindo com déficit visual total à direita e perda visual de 90% à esquerda apesar de uso do imunosupressor. Apresentou com uso da ciclosporina quadro de hipertensão arterial sistêmica e elevação de escórias nitrogenadas, sendo optado pela equipe assistente sua substituição para azatioprina 100mg/dia. Conclusão:
A doença de Behçet é rara, porém com elevados
índices de morbi-mortalidade. É uma causa importante de
cegueira no indivíduo adulto de meia idade. O tratamento com
imunosupressor é a terapêutica de escolha para as alterações
oculares apesar de seus efeitos colaterais. Trata-se de doença
multisistêmica na qual é importante o acompanhamento multidisciplinar.
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