DOENÇA DE CROHN COM LOCALIZAÇÃO ISOLADA EM CÓLON SIGMÓIDE. A PROPÓSITO DE UM CASO
Tiago Alves de Moura; Rafael Mezzalira Ruano; Vivian Sartorelli; Marcela Dutra das Neves; Thiago Bittencourt Hassegawa; José Ademar Baldim
INTRODUÇÃO:
A doença de Crohn (DC) é uma moléstia inflamatória
crônica do trato gastrointestinal. Apresenta maior incidência entre
15 a 25 anos. Acomete com maior freqüência a porção
distal do íleo e o cólon ascendente (60%) ou limitada ao intestino
delgado (30%). Porém pode acometer qualquer parte do trato gastrointestinal.
As características clínicas mais comuns são diarréia
crônica, dor abdominal, febre, anorexia, perda de peso e massa palpável
em quadrante inferior direito.
OBJETIVO: Relatar um caso de DC em paciente fora da faixa etária
de maior incidência, com localização, incomum, isolada em
cólon sigmóide.
RELATO DO CASO: P.C.A., 33 anos, masculino, encaminhado do
PSF de Divisa Nova-MG, com queixa de dor abdominal há 5 meses, tipo cólica,
intermitente, de moderada intensidade e que melhorava com uso de Escopolamina.
Refere emagrecimento de 6Kg em 4 meses. Nega febre e alterações
do hábito intestinal. Ao exame: BEG, corado, hidratado, afebril, anictérico,
acianótico e eupneico. ACV e AR: sem alterações. AGI: ruídos
hidroaéreos presentes, som timpânico a percussão difusamente,
indolor a palpação superficial, doloroso a palpação
profunda em fossa ilíaca direita e esquerda, presença de massa
palpável de aproximadamente 10cm de diâmetro em fossa ilíaca
esquerda. Exames complementares: hemograma e leucograma normal. VDRL: negativo.
CEA:1. Colonoscopia: em manutenção. Enema opaco: lesão
estenosante na transição de cólon descendente e sigmóide
com espessamento deste último. US Abdome: espessamento do cólon
sigmóide e linfonodos pericólicos infartados. TC: moderado espessamento
de parede de cólon sigmóide. Hábitos de vida: tabagista
há 15 anos (10 cigarros/dia). Ficou internado por 2 dias antes de ser
encaminhado a cirurgia, com diagnóstico de massa sigmoideana à
esclarecer, para ressecção de sigmóide e anastomose de
cólon descendente com reto, término-terminal. Resultado anátomo-patológico:
sigmóide com processo inflamatório úlcero-estenosante compátivel
com DC, hiperplasia linfóide reacional, ausência de neoplasia.
Evoluiu sem intercorrências e recebeu alta no 5° dia de PO.
CONCLUSÃO: O quadro clínico inespecífico
não descarta as Doenças Inflamatórias Intestinais, pois
varia de acordo com o local comprometido. Devemos estar atentos para o diagnóstico,
pois apesar de apresentar taxa de mortalidade relativamente baixa, interfere
de forma significativa na qualidade de vida dos doentes, por sua elevada morbidez.
Apesar da ausência de sintomas deve-se atentar para recidivas da doença,
o que geralmente acontece com rapidez e de forma previsivél nas margens
da ressecção cirúrgica. A cirurgia não cura a DC.