ESMAGAMENTO DO MEMBRO INFERIOR COM INDICAÇÃO DE AMPUTAÇÃO PRIMÁRIA. A PROPÓSITO DE UM CASO
Liga de Emergência e Trauma

Faculdade de Ciências Médicas da UNIFENAS
Hospital Universitário Alzira Velano

Resumo:

Introdução: Umas das situações mais conflitantes no atendimento ao politraumatizado que apresenta lesões múltiplas de extremidades refere-se a tomada de decisão entre a tentativa de salvamento do membro e a amputação primária.

Objetivo: Relatar o caso de um paciente vítima de esmagamentos múltiplos de extremidades e discutir os aspectos que devem ser considerados no atendimento inicial e na tomada de decisão.

Relato do caso: Paciente masculino de 28 anos, lavrador, sofreu queda de trator, sendo atropelado pela roçadeira que era tracionada pela máquina agrícola. Foi admitido no Alzira Velano 90 min. após o trauma, apresentando: FC: 100 bpm; FR: 25 ipm; ECG: 15; RTS: 8.Foi evidenciado na admissão: fratura exposta em punho direito e perna esquerda;esmagamento do membro inferior direito. Foi realizado abordagem e reanimação inicial através de:compressão local; infusão venosa; proteção de hipotermia.Houve resposta a infusão de Ringer lactato inicialmente, sendo necessário a transfusão sanguínea. Após estabilização hemodinâmica o paciente foi encaminhado ao Centro Cirúrgico.Após avaliação clínica e radiológica do membro inferior direito evidensiou-se: fratura cominutiva de tíbia e fíbula; lesão de artérias poplítea, tibial posterior, anterior e fibular; avulsão do nervo tibial posterior com perda de pele e músculos (MESS = 8). Associado ao quadro apresentava fratura de punho direito, lesões de partes moles na coxa direita e fratura cominutiva da tíbia esquerda. O paciente foi submetido a amputação primária transtibial da perna direita, fixação externa da tíbia esquerda e reconstrução dos ossos do punho a direita.O paciente evoluiu com osteomielite do punho direito, recebendo alta hospitalar no 20° dia de internação.

Discussão: Algumas situações devem ser consideradas como indicações absolutas para a amputação primária após trauma: esmagamentos associados à isquemia prolongada e a perda anatômica do n. tibial posterior. No caso da perda de vários compartimentos (vascular, nervoso, osteomuscular e tegumento) a decisão pela amputação é a mais adequada. No caso relatado, apesar de não apresentar isquemia prolongada, havia avulsão completa do n. tibial posterior, lesão complexa de tegumento e osteomuscular, além de várias lesões associadas. A decisão da realização de amputação primária não é consenso, devendo valer-se da utilização de critérios bem definidos.

Conclusão: Em situações de esmagamento de extremidade, a decisão entre a amputação primária e a tentativa de reconstrução deve basear-se em critérios objetivos.


Participantes:
Rafael Mezzalira Ruano
Bruna Medeiros Moraes
Alynne B. Cardoso
João Carlos da S.V. Souza
Renan Vinícius Pinheiro
Thiago B.O.Carvalho
Marcelle Ferraz
Otávio B. Lima
Thiago B. Hassegawa
Dr. Antônio Carlos Souza