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  Um ano de implante coclear Escutar os sons da natureza, a voz das pessoas, o barulho que vem da rua, o canto dos pássaros, o latido de um cão, ou simplesmente o vento batendo na janela - tudo é importante, bonito e nos coloca em sintonia com a vida
Soloni Viana 16/09/2020 - 11:39:23
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Ouvir é uma benção. Escutar os sons da natureza, a voz das pessoas, o barulho que vem da rua, o canto dos pássaros, o latido de um cão, ou simplesmente o vento batendo na janela - tudo é importante, bonito e nos coloca em sintonia com a vida. São os sons que ouvimos que nos integram na vida e nos ensinam a interagir e a comunicar.
Quem não tem a faculdade de ouvir, perde muito do encantamento da vida, enfrenta muitas dificuldades para se comunicar, estudar e se profissionalizar. Mas há maneiras de reverter a situação e fazer com que as pessoas que nasceram surdas, ou que perderem a audição, adquiram a capacidade de ouvir. A melhor maneira de resgatar a audição, principalmente em crianças, é através da cirurgia do implante coclear.
O Alzira Velano comemorou em 26 de agosto um ano de funcionamento do serviço de cirurgia de implante coclear, realizando duas novas cirurgias e ativando os eletrodos de outras.
Esta cirurgia é realizada há um ano no Hospital Universitário Alzira Velano, pelo SUS, através do CERIII auditivo um programa do governo federal.
São atendidos no Alzira Velano, para a cirurgia de implante coclear, pacientes de 154 cidades da Região Macro Sul, que abrange municípios das regionais de Alfenas, Passos, Pouso Alegre e Varginha.
Em um ano de existência o serviço de Implante Coclear já realizou 23 cirurgias, todas bem sucedidas, e quarta-feira, dia 26, houve a ativação do implante em duas crianças e em um adulto que fizeram implante há um mês.
As cirurgias são feitas por uma equipe multidisciplinar coordenada pelos médicos Lucas Bevilacqua e Rubens Martins, e formada por médicos, fonoaudiólogos, enfermeiros, psicólogos e assistente social. Trinta dias após a cirurgia do implante do dispositivo eletrônico é acionado o eletrodo, que faz com que os sinais sonoros sejam transmitidos para o cérebro e as crianças possam ouvir os sons.
Este é o momento de muita expectativa, uma experiência única que causa muita emoção e alegria, nos pacientes, familiares e em toda a equipe”, explica a fonoaudióloga Sanyele Pinheiro, coordenadora do CER III.
Sanyelle Pinheiro esclarece que a audição é muito importante na comunicação humana, e que a perda auditiva na criança pode acarretar distúrbios na aquisição da fala, linguagem e no desenvolvimento emocional, educacional e social. "quanto antes for diagnosticada a deficiência auditiva, melhor, diz ela salientando que é de essencial importância detectar que a criança não está ouvindo os sons, logo no início, com o teste da orelhinha que é feito logo nos primeiros dias após o nascimento.


"Quero que meu filho ouça a minha voz e o canto dos pássaros"

O menino Bento, de dois anos, filho do casal Priscila Maiara Barbosa Freire e Bruno Henrique Ribeiro Freire, e irmão da menina Cristal, de 7 anos, é uma das crianças que fizeram implante coclear em julho e a ativação do eletrodo do implante foi quarta-feira,26 de agosto. Impossível descrever a alegria da família.
A mãe Priscila nos conta que ao descobrir que seu filho era deficiente auditivo, seu mundo desabou " eu fiquei sem chão quando soube que meu filho era um deficiente auditivo e ficava me questionando o tempo todo, me culpando por não ter descoberto antes a perda auditiva dele, já que Bento, com 2 anos e meio falava algumas palavras. Descobrir que ele não ouvia foi doloroso, conta Priscila, acrescentando: " comecei a questionar os profissionais como ele poderia ser surdo se ele não era mudo ! Muitas dúvidas surgiram, eu sofri muito com essa descoberta, por várias vezes me peguei chorando por não aceitar, mas hoje não choro mais ! "
Foi a partir de uma consulta com uma fonoaudióloga em Passos que ela descobriu o serviço no Alzira Velano, e rapidamente agendou uma consulta. "Posso afirmar com todas as letras , que o atendimento na Clínica de Fonoaudiologia do Alzira Velano foi perfeito, eles têm uma equipe sem igual. É de profissionais assim que o mundo precisa”. Priscila declara: "Eu queria o melhor tratamento para o meu filho, e após realizar o exame por três vezes por não consegui acreditar que ele era “surdo”. Fosse onde fosse eu levaria meu filho para fazer um tratamento, mas não foi preciso ,pois a 146km da minha cidade está a melhor equipe de fonoaudiologia que hoje considero uma família ,e que me amparou no momento mais difícil da minha vida. De coração aberto ali descobri que estava diante de uma equipe maravilhosa e profissional . A opção pelo implante coclear foi correta, afirma Priscila. "Eu tive duas escolhas : uma delas seria optar por libras , e a outra fazer o implante coclear. Optei pelo implante porque eu quero continuar ouvindo a voz do meu filho, eu quero que ele ouça os sons da natureza, o canto dos pássaros, a música que ele tanto ama, mesmo sem ouvir ele já dançava ao sentir a vibração, eu quero que ele me ouça, que conheça a minha voz. Preciso falar mais?
Quinta -feira, dia três de setembro, sete dias após a ativação dos eletrodos do implante, Priscila conversou conosco ao telefone e contou da sua alegria e felicidade de perceber os primeiros sinais do resultado positivo do implante. Foi a melhor coisa que fiz, meu filho vai desenvolver muito, está melhor a cada dia, diz ela, feliz, acrescentando: "Bento já atende quando é chamado, mesmo de longe, e já fala frases inteiras, com sentido. Antes ele dizia apenas uma palavra, agora diz a frase toda. Antes, explica a mãe, ele dizia apenas -passear, agora ele fala : "Vamos passear princesa", frase que a mãe jamais esquecerá!



"Ao ouvir a voz das minhas filhas
tenho a certeza de que Deus é maior mesmo! "


Ele não ouvia o som da sirene no trabalho, o barulho das máquinas no serviço, nem o som da ambulância; não falava ao telefone, não ouvia direito o que as filhas diziam . Tudo sempre era muito difícil na vida do Adriano Felício Leopoldino, de 36 anos, casado, pai de duas meninas, funcionário de uma empresa de material de construção, morador no bairro Itaparica, que nasceu ouvindo mas foi perdendo, aos poucos, a audição. Adriano conviveu durante 28 anos com a surdez que, embora parcial, limitou seu aprendizado, seu trabalho e seu relacionamento com as pessoas e a sua felicidade. Ele se sentia triste e deprimido. Muitas vezes chorou por não conseguir se comunicar corretamente com a filha de 13 anos. Casado com Ana Beatriz e pai de duas filhas, Viviane e Mariana, Adriano usou o aparelho auditivo que colocou na Clínica de Fonoaudiologia do Alzira Velano, durante 5 anos, mas mesmo assim sentia dificuldades para se comunicar. Agora, com implante coclear, tudo mudou! "Minha vida mudou, sou outra pessoa, não tem explicação, está tudo totalmente diferente", diz ele, sorrindo. Ele fez implante do lado direito o ano passado e este ano, em julho, no ouvido esquerdo. Ele que não sabia o que era o toque do celular, se diz maravilhado com tudo, com todos os sons e barulhos, mas o que mais o encanta é ouvir a voz das filhas "Não tem explicação, Deus é maior mesmo!", define Adriano.

Estamos ficando surdos

A longevidade e a modernidade dos equipamentos tecnológicos e o excesso de ruídos, estão contribuindo para aumentar o número de surdos no mundo. Não só de idosos, mas também, e principalmente, de jovens. Surdez é uma das cinco prioridades da OMS - Organização Mundial de Saúde. Em pesquisa realizada pela OMS, a surdez ocupou o quarto lugar na lista de doenças. Ela é considerada a primeira deficiência com mais impacto no índice de qualidade de vida da população, mais do que deficiência visual, de locomoção e outras 345 doenças. Isso levou a OMS a colocá-la como uma de suas cinco prioridades para este século.
Um fator que contribui para o aumento de pessoas surdas é o avanço da longevidade. Uma população mais velha, e atuante, implica perda natural de audição. Outro fator é o impacto do trauma acústico, com o excesso de barulho e de ruídos nas cidades, o que pode acarretar lesões permanentes. Fones de ouvido, lugares barulhentos ou com grande ruído são os grandes vilões, e a população mais jovem está entre as maiores vítimas, pelo uso indiscriminado e excessivo de fones de ouvido.
Estima-se que 400 mil pessoas no mundo sejam usuários de implantes cocleares, sendo cerca de 7 mil somente no Brasil.



Conheça o implante coclear

O implante coclear é um aparelho eletrônico digital de alta complexidade tecnológica que pode restaurar a função auditiva nos pacientes portadores de surdez severa a profunda, em adultos e principalmente crianças, que não se beneficiam com o uso de próteses auditivas convencionais.
O implante funciona estimulando diretamente o nervo auditivo através de pequenos eletrodos colocados dentro da cóclea.
Estes estímulos são levados, via nervo auditivo, para o cérebro.
O implante coclear pode ser realizado desde a partir dos seis meses de vida, ou em qualquer outra idade, somente é contraindicado para pacientes que possuem alguma má formação de cóclea ou ausência de nervo auditivo, o que pode ser diagnosticado com a realização de exames de ressonância magnética e tomografia.
A cirurgia, feita com anestesia geral, consiste de uma pequena incisão por trás da orelha que dá acesso ao osso até a cóclea, onde será colocado o implante. Um mês após a cirurgia é ligado o eletrodo do implante e o paciente começa a ouvir. A taxa de complicações é extremamente baixa na mão de profissionais com treinamento. O custo da cirurgia varia de acordo com o avanço do aparelho, modelos mais simples 45 mil e mais avançados chegam a 90 mil reais.
No hospital Alzira Velano todo atendimento, incluindo a cirurgia e o implante é gratuito, através do SUS.

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